Ampulheta sobre moedas douradas, representando o tempo como fator determinante na rentabilidade do Tesouro Prefixado e a importância do vencimento para o investimento

Introdução

No mundo dos investimentos, estabilidade e previsibilidade são valores muito desejados — especialmente por quem está construindo o hábito de investir. Para servidores públicos, que contam com uma renda estável, pode fazer bastante sentido considerar opções que ofereçam rentabilidade definida desde o início.

É exatamente isso que o Tesouro Prefixado oferece: um título público que te diz, hoje, quanto você vai receber no vencimento. Mas será que vale a pena? Em quais cenários essa previsibilidade funciona a favor do investidor?

Nos últimos anos, o Brasil passou por ciclos de alta e baixa na taxa Selic, o que mexe diretamente na atratividade dos títulos prefixados. Entender esses movimentos pode ser o diferencial entre uma boa decisão e uma aposta equivocada.

Neste artigo, você vai entender como funciona o Tesouro Prefixado, quando ele pode ser vantajoso e por que ele exige mais atenção do que os outros títulos do Tesouro Direto.

O que é o Tesouro Prefixado?

O Tesouro Prefixado é um título público vendido pelo Tesouro Direto cuja rentabilidade é fixa e conhecida no momento da aplicação. Ao investir, você concorda com uma taxa de juros anual (ex: 13,5% ao ano) que será aplicada até o vencimento, independentemente da inflação ou das mudanças na Selic.

Se você investir R$ 1.000 em um Tesouro Prefixado com taxa de 13,5% ao ano e vencimento em 2032, receberá o valor corrigido por essa taxa, desde que mantenha o título até o vencimento, após os descontos de I.R.

Qual a diferença entre o Tesouro Prefixado e os outros títulos?

CaracterísticaTesouro SelicTesouro IPCA+Tesouro Prefixado
Tipo de rendimentoPós-fixadoHíbrido (IPCA + juros)Fixo (taxa anual conhecida)
Proteção contra inflação❌ Não✅ Sim❌ Não
Indicado paraReserva de emergênciaLongo prazo (aposentadoria)Objetivos de médio prazo
Risco de marcação a mercadoPraticamente inexistenteAlto (prazos longos de vencimento)Médio (prazos curtos de vencimento)

💡Os títulos IPCA+ costumam ter prazos máximos de vencimento de 35 anos, ao passo que os pré-fixados possuem prazos menores, de no máximo 10 anos, de modo que o efeito da marcação a mercado tem maior impacto em um título com vencimento mais alongado.

Como funciona na prática?

Imagine que você compre um título Tesouro Prefixado com taxa de 13,5% ao ano e vencimento daqui a três anos. Se você mantiver o título até o vencimento, receberá exatamente a rentabilidade prometida.

Entretanto, se resolver vender antes, o valor do seu título pode variar bastante — para mais ou para menos — dependendo do cenário econômico. Isso acontece por causa da marcação a mercado, que ajusta o preço do título diariamente com base nas taxas de juros.

Simulação prática

Suponha que você invista R$ 5.000 em um Tesouro Prefixado com taxa de 13,5% a.a. e vencimento em 2028. Mantendo o título até o fim, o valor bruto recebido será de aproximadamente R$ 7.310.

Após o desconto do IR e da taxa de custódia, o valor líquido pode girar em torno de R$ 6.200, um retorno atrativo considerando que foi previamente conhecido — desde que você não tenha vendido antes.

💡 Se, nesse período, a taxa Selic cair para 8% ao ano, você terá feito um excelente negócio. Mas se a Selic subir para 14%, seu rendimento ficará abaixo do mercado.

Quando o Tesouro Prefixado faz sentido?

✅ Situações ideais:

  • Quando enfrentamos períodos de taxa Selic alta, como atualmente (14.75% a.a.);
  • Se você tem clareza da data da sua meta (ex: usar o dinheiro exatamente em 2028);
  • Se busca diversificação em uma carteira balanceada.

Quando o Tesouro Prefixado não é recomendado?

  • Quando há incerteza sobre quando você precisará do dinheiro;
  • Para quem precisa de liquidez imediata ou previsibilidade no curtíssimo prazo;
  • Para quem ainda está formando reserva ou não se sente confortável com oscilações.

Vantagens e desvantagens do Tesouro Prefixado

✅ Vantagens:

  • Rentabilidade conhecida no momento da aplicação;
  • Pode render mais que o Tesouro Selic em cenários de queda da Selic;
  • Útil para planejamento de metas com data exata;
  • Acessível e seguro (título público).

⚠️ Desvantagens:

  • Risco de marcação à mercado, resultando em perdas se vendido antes do vencimento;
  • Não protege contra a inflação;
  • Pode ser menos vantajoso que alternativas atreladas à Selic em momentos de juros baixos

Comparação: Tesouro Prefixado x CDB x Poupança

ProdutoRentabilidadeLiquidezRendimentoRisco
Tesouro PrefixadoFixo (ex: 13,5%)Diária ou D+1Total no vencimentoBaixíssimo
CDB PrefixadoFixo (ex: 13,5%)Geralmente D+1Total no vencimentoBaixo (garantido pelo FGC)
Poupança6,17% + TR a.a. (atualmente)DiáriaSomente no aniversárioBaixo (garantido pelo FGC)

Tributação e taxas

  • Imposto de Renda regressivo, igual aos outros títulos:
    • 22,5% até 180 dias → 15% acima de 720 dias;
  • Taxa de custódia da B3: 0,20% ao ano;
  • IOF para investimentos com menos de trinta dias;
  • Eventual taxa de custódia cobrada pela corretora ou banco (atualmente não cobrado pela maioria das instituições).

Como investir no Tesouro Prefixado (passo a passo)

  1. Abra uma conta em uma corretora de valores confiável (ou use o banco se ele oferecer acesso ao Tesouro Direto).
  2. Acesse o Tesouro Direto diretamente pelo site.
  3. Faça seu cadastro junto à plataforma do Tesouro Direto.
  4. Após o cadastro, na área logada, selecione a aba investir.
  5. Escolha o título “Tesouro Prefixado” com vencimento adequado à sua meta, o banco ou corretora na qual você tem conta e confirme a aplicação.
  6. Efetue o pagamento via PIX, saldo em carteira no Tesouro ou débito direto junto à instituição (banco ou corretora).

🔎 O investimento mínimo é acessível, geralmente a partir de R$ 10 você já consegue investir.

Para quem o Tesouro Prefixado é indicado?

Esse título faz mais sentido para:

  • Servidores que gostam de previsibilidade
  • Quem possui metas com data exata (ex: viagem, troca de carro)
  • Aqueles que querem diversificar a carteira de renda fixa

📉 E se eu errar o momento? Estratégia para reduzir riscos

Mesmo quando um investidor experiente escolhe o Tesouro Prefixado, existe o risco de errar o momento da compra — especialmente se as taxas de juros estiverem instáveis. Para suavizar esse risco, existem algumas estratégias simples:

  • Evite investir em momentos de baixa da taxa de juros. Nestes cenários, o investimento em Tesouro Selic ou até mesmo um CDB pós-fixado fazem mais sentido, já que as taxas ofertadas nos títulos pré-fixados costumam ser baixas nestes ciclos, tornando-os pouco atrativos.
  • Combine o Prefixado com outros títulos. Uma carteira que une Tesouro Selic, IPCA+ e Prefixado se comporta melhor frente às incertezas do mercado.
  • Tenha disciplina para manter o título até o vencimento. Essa é a principal regra para garantir a rentabilidade prometida.

Com essas táticas, mesmo que o cenário não seja exatamente o que você previu, os impactos negativos serão muito menores.

FAQ – Perguntas frequentes

Posso vender antes do vencimento?
Sim, mas o valor pode ser maior ou menor do que o previsto, por causa da marcação a mercado.

Vale mais que o Tesouro Selic?
Depende do cenário. Se os juros caírem após sua compra, o Prefixado pode render mais. Se subirem, pode ser desvantajoso. Por isso, em cenários de alta de juros, faça aportes em pré-fixado, garantindo assim rendimentos atrativos. Em momentos de juros baixos, opte pelo Tesouro Selic ou CDB pós fixado.

E a inflação?
O Prefixado não protege contra a inflação. Por isso, não é o mais recomendado para prazos longos. Aliás, inexiste esse título para prazos superiores a 10 anos.

👉 Leia também: O que é o Tesouro Direto e como funciona a plataforma

Conclusão

O Tesouro Prefixado é uma excelente ferramenta para o servidor público que deseja clareza nos seus rendimentos e metas bem definidas.

Mas como todo investimento, ele exige responsabilidade. Conhecer o cenário econômico, entender a lógica da marcação a mercado e respeitar o vencimento são atitudes fundamentais para aproveitar o máximo potencial do título.

Com planejamento e visão estratégica, ele pode ser um reforço valioso no seu portfólio de renda fixa.

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